Aqui é o Silvio e hoje vou conversar com vocês.

Santo Agostinho é um dos pilares da nossa civilização. Seja pela estética, pela filosofia ou por sua teologia, Agostinho deixou um legado que perdura. Sua obra mais emblemática, “As Confissões”, originou o gênero literário da auto-biografia colocando o leitor na posição de Deus onisciente. Leitura magistral.

Relendo a obra, um detalhe que há muitos anos me passou desapercebido desta vez me chamou a atenção: Agostinho confessa que durante sua infância odiava a literatura grega ao passo que amava o latim. Para ele, ambas línguas eram estrangeiras. De onde se explicaria o ódio a um e o amor ao outro? Ele explica: em relação ao grego “era ameaçado veementemente com penas ferozes e terríveis para que as aprendesse”, enquanto com o latim “aprendi observando, sem medo ou tormento, entre carícias das amas, brincadeiras sorridentes e as alegrias jocosas. Aprendi-as sem que ninguém me pressionasse com a ameaça do castigo”

Aristoteles dizia que todos temos sede de saber, e nesse sentido compreendemos a curiosidade, da qual fala Agostinho, como uma expressão dessa busca. A curiosidade tem a força para abrir uma picada no meio do mato; precisamos aproveitar essas rotas e pavimentar estradas, pegando carona nesta natural sede de saber da criança.

Eu não sei vocês, mas o medo nunca foi suficiente para me mover ao estudo. Odiava química, física, literatura, com todas as minhas forças. Estudava para as provas para não “engraxar sapato” (a ameaça da época). Isso só começou a mudar fora da escola. Quando comecei a me interessar por filosofia, história, religião, sem que fossem objeto de provas, foi que comecei a estudar de verdade e nunca mais parei.

Quando meus filhos me perguntam assuntos que eu não tenho a resposta, a curiosidade deles soma-se a minha e só sossegamos quando encontramos as respostas. Graças a dinâmica do homeschooling experimentamos uma alegria em aprender que eu nunca tive em nenhuma escola.

A curiosidade é fermento para o aprendizado e, se nós pais, assistimos filhos desmotivados, pode ser porque esquecemos da curiosidade. Você já sabe o que seu filho tem curiosidade de aprender ano que vem?

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