Há pouco tempo recebemos uma ligação inesperada. Um diretor de uma escola de São Paulo nos contava que o tema da formação afetiva e da sexualidade era um assunto inexistente no ambiente familiar de 95% dos seus alunos. Segundo pesquisas internas, os pais daquele alunos abriram mão do tema, deixando em aberto para quem chegar primeiro. E estamos falando de um colégio de elite de São Paulo, financiado por pais instruídos, mas que não querem o incômodo de formar seus filhos na matéria. Justamente nesta época da história em que nada é mais banal, estampado e veiculado que o tema sexual, esses pais - os mais interessados no equilíbrio e na felicidade de seus filhos - concluíram que o assunto não cabe a eles.
Se você permite que o livre mercado do sexo e seus mensageiros (artistas, músicos, influenciadores) detenha o monopólio da comunicação da sexualidade para os seus filhos, não se espante se eles não viverem a afetividade como você gostaria. Esse é um tema em que o vácuo não é possível: ele será preenchido por alguma voz. E na ausência da sua voz, eles seguirão a correnteza. A vida afetiva deles refletirá os valores que são importantes para quem os forma, e os valores deste livre mercado do sexo estão fundados no individualismo, no egocentrismo, na coisificação e na exploração de tudo e de todos. Neste mundo em particular não há estabilidade, não há compromisso, tudo é descartável. As consequências deixarão suas marcas. Tudo porque nós, os pais, não chegamos antes, porque calamos quando deveríamos ter orientado.
Se os filhos não escutam de seus pais uma abordagem inteligente e positiva sobre sexualidade e afetividade, que faça sentido e que dê sentido as suas vidas, uma indústria que lucra com o nosso silêncio terá todo prazer em formá-los. Não se trata de impedir acesso aos meios de comunicação, se trata de parar de fingir que tudo vai dar certo se o assunto não for abordado, de que a escola vai dar conta do recado, e entender que pais existem não apenas para pagar boleto, mas para formar, educar, ser critério e guia na vida dos seus filhos.
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