Não subestime o brincar.
Para os nossos filhos, especialmente na primeira infância, brincadeira é coisa séria.
Todos os pais sabem mais ou menos instintivamente que brincar é importante, mas muitas vezes enxergamos mais como um passatempo do que como um fator de desenvolvimento. É por meio da brincadeira que as crianças aprendem desde a primeira idade a descobrir os limites do próprio “eu”, depois a noção do “outro”, e assim avançam no próprio desenvolvimento dos sentidos, da coordenação motora grossa e fina e em conceitos sofisticados como lateralidade, relações de causa e efeito e lógica.
Brinquedos, para as crianças, não são um fim em sí mesmo. Brinquedos são um pretexto, um cenário, um pano de fundo para uma brincadeira. Um conjunto de blocos coloridos, de peças de encaixar e de empilhar, são apenas o meio pelo qual a imaginação das crianças usam para ampliarem o seu contato com a realidade. Quando expomos uma criança a um brinquedo que se encerra em sí mesmo, que canta, dança e faz mágica sozinho (isso sem falar em um eletrônico multimídia) estamos tratando nossos filhos como um mini-adulto cansado, que quer ser entretido, e não participar ativamente da brincadeira.
Via de regra, quanto mais simples um brinquedo é, mais aberto ele está para a criação de outras brincadeiras. Quem nunca viu uma criança deixar um brinquedo caríssimo de lado e ir se divertir com o saco de presente? Crianças querem performar, querem produzir, querem trabalhar seus brinquedos. Por isso que caixas, garrafas, prendedores, armários, palitos, vassouras e sapatos dos pais são frequentemente o principal brinquedo deles. Crianças amam manipular elementos da natureza como areia, água, pedras, porque neles nunca há repetição e as possibilidades são sempre infinitas.
É preciso trabalhar a qualidade das brincadeiras dos nossos filhos. Sentar com eles para brincar é bom, mas sem o celular, é ainda melhor. Aproveitar para contar histórias, situá-los no mundo, ensinar valores enquanto se brinca, é a melhor maneira de forjar um bom caráter, porque se faz naturalmente e num momento de extrema receptividade da criança.
Brincar com nossos filhos é investir na sua realização pessoal.