Deixando passar.
Quando nos tornamos pais ganhamos um pacote completo de deveres, e um deles é orientar os nossos filhos para o bem. Toda orientação demanda correções na rota. É como a Estação Espacial Internacional que cai 2,5 km por mês e precisa ser frequentemente “rebocada” por dois foguetes para colocá-la na sua rota.
Hoje muitas pessoas entendem de modo pejorativo a palavra corrigir, como se correção e punição fossem sinônimos, mas não são. A punição pode ser um instrumento para correção, como por exemplo, não permitir que a criança volte a brincar com os colegas após bater em algum deles.
A vida familiar com filhos em várias idades nos coloca diante de inúmeras circunstâncias adversas diariamente. Sim, precisamos estar presentes e “ver tudo”, mas sem cair na armadilha de querer corrigir tudo. O problema é que se os pais não possuem critérios claros do que devem corrigir, a situação pode tornar-se extremamente desgastante. Ao mesmo tempo, quanto mais ordens se dá, menor a qualidade da obediência. Os pais podem passar a corrigir de forma “espontânea”, o que significa que a correção não tem como objetivo o bem da família e a formação do filho, mas evitar aborrecimento. Aí a correção torna-se uma manifestação de impaciência.
A impaciência consiste na recusa de sofrer as inevitáveis contrariedades do dia a dia, como um filho que derrubou um suco na mesa, que rabiscou a parede ou que não fez a lição na hora certa. E muitas vezes a impaciência vem acompanhada de raiva, gritos, rispidez, o que só demonstra que precisamos crescer em autodomínio. E nesse sentido é preciso “deixar passar muita coisa”.
Quando estamos habituados na paciência, sabemos a hora de corrigir. Corrigir significa reorientar a situação para que retome a rota boa. E quando fazemos sabendo deixar passar muita coisa, faremos com calma, serenidade, e de fato com aquela razoabilidade que por si só é capaz de convencer quem saiu do caminho. Assim teremos um lar luminoso, todos os dias, com filhos que não desanimam diante das próprias limitações, porque contam com pais que são mestres e amigos. Gostou da reflexão? Marque um amigo!